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Mentiras de verdade

Posted by Gustavo Pitwak on 21:17
Nascemos pra quê? Vamos caminhando, carregando o fardo da vida sem saber pra onde ir, imaginando caminhos, que vão se quebrando com o tempo. Levantamo-nos todos os dias ao acordar, mas caímos muitas por sonhar.
Às vezes a única paz que a gente encontra, está escondida em um quarto sozinho, lá fora tem tanto barulho, e nem sempre a imagem da cidade agrada, com aquelas pessoas com olhar sofrido, tanta malicia e malandragem, nas ruas e até na igreja às vezes acho que é tudo uma grande sacanagem.
Muitas pessoas questionam se existem espíritos ou fantasmas vagando pela terra, acredito que sim, mesmo que da forma metafórica. Quero dizer, parecem existir tantas pessoas vazias de “tanto”, e outras tão cheias de “vazio”, pessoas que acumulam tantas cargas cotidianas, tantas dores do mundo que nem perceberam que não vive mais, o corpo está ali inteiramente físico, mas mente e espírito não existe mais. O pai que brincava com o filho quando criança, já não existe, agora acha problema em tudo, quando não acha trás de algum lugar, ou pior inventa.
A mente pessimista invade, tomando conta, corroendo a sensibilidade de vida, a pessoa não tem mais os pés no chão. Está agora vivendo uma mentira “fácil”, falar a verdade é árduo, o sujeito se pergunta: “- Mais vale uma mentira bem montada? Será um plano vencedor!”, ainda mais quando não questionam o que foi arquitetado, mas a questão é que enganando alguém ou não, a falsidade sempre constrói “aquele castelinho de areia, feio e sem cor”, a pessoa já acha que não precisa pedir desculpas, afinal acredita ter razão, a mentira já criou vida, já é real pra pessoa. A verdade virou mentira, ou delírio. Ironia?
Ah, mas é desta forma que imagino que existem tantos fantasmas pelejando por ai, inconformados nesta terra, vivendo ilusões, como existem pessoas se recusando a vida, vivendo do vago oco da insignificância, ai me volta àquela frase de Oscar Wilde: “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe”, e como é tão certo. Viver é aprender com os erros, mentir é como fechar um livro e esperar o conhecimento por osmose.
Ultimamente confesso que pela visão metafórica, com essas analogias, estou começando a acreditar em todo tipo de mitologia e crença.
Um exemplo certo, e que sempre vejo são as pessoas “Mula sem cabeça”, são aquelas que usam desculpas sem fundamento, argumentos que não fazem sentido algum, às vezes até chegam a assustar, tem também as pessoas “lobo-mau”, chegam de mansinho com toda aquela conversa peluda ou cabeluda, mas na verdade é sempre agressiva, a critério de ataque (vejo um monte principalmente no senado), e tem também as pessoas “Curupira”, são aquelas que dizem uma coisa, mas na verdade está pensando totalmente ao contrário.
Resumindo, estamos vivendo na verdade um grande mito, pra esconder os nossos defeitos, por outro lado, também não tem nada fora do normal, afinal sempre desconfiei que os humanos fossem uma espécie de aberração.
(Gustavo Pitwak)

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Primeiras e terceiras intenções

Posted by Gustavo Pitwak on 10:44
Assistindo um pouco de tudo na televisão, intercalando canais sem nenhuma opção, lendo as reportagens criminais, políticas e demais impressões feitas para um resumo semanal, no final me dá um calafrio, chego a perder a noção e o resto de ideologia, que me resta.
Tudo bem que estamos com certa “urticária social”, fiquei pensativo outro dia, um senhor de idade me abordou de maneira apavorada, dizendo precisar de ajuda, pedindo carona para levá-lo até a zona rural, em razão de seu filho, um dependente químico, tê-lo esquecido na cidade.
Por mais explicito que o velho senhor tenha sido, a minha ajuda não passou de moedas, fiquei confuso, entre o remorso e o alivio, de não ter acreditado, e outra de ter se livrado talvez de um problema maior. Em outro dia, fiquei aflito em ver uma senhora carregando várias sacolas de mercado, juro pensei em ajudar, mas algo me dizia que ela recusaria, ela desconfiaria da minha bondade, ainda mais em São Paulo, onde se fica temeroso, vivendo em um berço criminal.
Muitos dos meus amigos já foram assaltados de maneiras inesperadas, mendigos, senhoras, meninas, meninos, carteiros, até mesmo extorsão de policiais, agente anda desconfiando do próximo, a gente fica mesmo com flores e facas na mão.
Dizem para “amar o próximo como a si mesmo”, talvez esse seja o problema, o homem moderno não se entende, não se ama, tão mais complexo para ele amar o próximo. Não? Estamos sem tempo para nós, quem dirá para os outros, mas também não é precisamente necessário ficar atravessando velhinhas na rua.
Vivemos andando no escuro, com a corda bamba, dançando pagode, samba, e equilibrando uma pilha de contas, num dia-dia corrido e sofrido. Pergunto-me quando vamos parar com essa velocidade, puxar de vez o freio de mão, andar um pouco na contramão, ligar um pouco o som, deixar o sol entrar, o suor descer pro frio dentro derreter, a gente percebe isso pelas famílias que não se reúnem mais, apenas em datas extra-especiais, os amigos e namoradas se encontrando pela internet, em papos vazios, sem calor, uma presença ausente, o mundo inteiro conectado e por isso tão separado, uma mentira sutil e sincera, uma realidade intangível, o carinho das mãos amigas se acabaram, a vizinhança, as gargalhadas de crianças brincando na rua se esgotaram, fechados em condomínios e apartamentos separados.
Talvez no próximo século a gente termine de transformar essa sociedade, mas enquanto o futuro não chega, nós ficamos com os pés no passado, com certo orgulho tradicionalista, que reprime o agora, atravancando a novas ideologias, mesmo nesse infinito universo de tecnologias que vem surgindo, as cabeças congeladas no passado parecem descongelar aos poucos, mas a grande chance está na juventude.
Uma vez um senhor carrancudo me disse: “- A juventude de agora é tão ignorante que se esquece do passado, e se joga no futuro”, eu então lhe perguntei, desviando o assunto se ainda tinha ouvido falar da tecnologia “Blue Ray”, o senhor me indagou: “- Urubu Rei?”, neste momento não saiu da minha cabeça que, muitos respeitáveis senhores ainda se afogam no passado, pra não respirar o futuro. (Gustavo Pitwak)

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Finalmente nascendo

Posted by Gustavo Pitwak on 08:27

Escrever sobre coisas que andam conspirando, e pensar um tanto, porém esperar muito, enquanto se recebe pouco, é como lamber o final de um copo de orgulho, é o que existe entre esse vão do anonimato, mas a gente sempre acaba voltando ao normal, respirando um pouco aliviado, com a liberdade que ainda resta.
Se você sabe tão pouco, o quão pode ser feliz, a inteligência estressa, a mediocridade empaca, a burrice ri, enquanto a loucura deprava.
Mas o vicio da sapiência invade a mente, quer colocar “caramiolas” na cabeça, refletir cada tom, censurar mesmo que um pequeno som. Não são apenas os livros que caracterizam o estudioso. Muitos cientistas se basearam apenas no que viam e no que sentiam ou imaginavam, o próprio Einstein dizia, “A imaginação é mais importante que o conhecimento.”
A vida é um experimento com dias contados, do dia em que nascemos estamos perdendo tempo de experiência, isso quando não o fazemos. E um tanto complexo viver, imaginar é bom, viver uma imaginação pode ser uma eutanásia da alma, ao mesmo tempo em que o individuo que vive na extrema realidade, se priva da arte de sonhar, que dá sentido a tudo, é o porque e para que vivemos.
Faz algum tempo, havia um professor que me dizia que a sociedade crítica ainda viria, pra levantar suspeitas sobre toda essa hipocrisia global, que há tempos nos vem embalsamando de mentiras, um grande fetiche sem sonho, a mesma sociedade que está sempre num réveillon qualquer, comemorando com taças de cristal regadas de champanhe, com brindes e orações de paz, roupas brancas, altruísmo intangível em promessas de um ano melhor, mensagens de amor soando no ar, por todos os lados, como se tivesse algum sentido, pelo menos até a festa terminar, em um porre de uísque importado na cabeça de um burguês abandonado.
Não faz bem a saúde tentar enxergar a malicia, não faz bem guardar o rancor, vale à pena explodir a raiva pra fora, aproveita pra explodir o amor, explodir os sentimentos. Explodir os pensamentos, não faz mal dizer bom dia, não faz mal engolir os erros junto com o orgulho.
Existe um problema com a sociedade em aceitar a sua parcela de culpa, e para isso é mais cúmulo, encostar-se a uma ideologia capitalista, pra não ver que nem todo morador de rua é assim porque prefere. Nem todas as mulheres ou homens se prostituem porque gostam da profissão.
Algumas pessoas me disseram que não ajudam moradores de rua, pelo argumento de dúvida, “- Onde ira gastar?”, “- É um velho bêbado”, ou um argumento mais ridículo ainda “-Ele não estudou porque não quis”, o que deve existir é chance para todos, e mesmo com pouco se faz muito, de repente a esmola de dez centavos de três pessoas, possa ser um pão, uma simples refeição, ou mais um dia de vida, é da simplicidade de pensamento que vem a grandeza de caráter, é o caráter que faz o homem, e este que faz a sociedade, se a sociedade vai mal, é explicitamente uma coletiva falta de caráter.
O ser humano mesmo em sua individualidade tem o dom de dar a vida, não estou falando de “sexo e reprodução”, algumas pessoas aos quarenta ainda não vivem, talvez se inspirando em democracia, assim como a morte, que vem para todos.
Evoluímos mais de mil anos em tecnologia, criamos milhões de máquinas, regredimos tanto em ideologia, para tanto, tantas baixas, uma guerra irracional no submundo, e todos os dias.
A questão não é julgar algum nicho social, um ponto geográfico, brincando de “batata quente”, mas reconhecer que se um “mundo melhor” é feito com a união, vamos parar de ficar “lavando as mãos”, fazendo planos pro próximo ano, esperando sempre dos outros, em um futuro que nunca vem. (Gustavo Pitwak)

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Vida, o diretor

Posted by Gustavo Pitwak on 18:14
Dizem que a vida imita a arte, e confesso que essa frase nunca fez tanto sentido pra mim como agora, nunca teve uma situação, e um ambiente tão propicio para que ela ecoasse na minha cabeça dessa forma.
O dia estava com nuvens carregadas, e logo de tarde começou a chover, se prolongando até o cair da madrugada, a grama já estava suculenta de tanta água, não se ouvia nada, a não serem as grandes gotas da chuva se espatifar no chão em uma nota só, porém, com certa harmonia, como um concerto da natureza, ressaltando como pequenas coisas juntas podem formar uma grande orquestra.
Uma pessoa mesmo só, pode transformar-se na arte de um monólogo, um deficiente pode viver um drama, podemos viver em suspense, ou até mesmo aos mais pessimistas, podemos estar inteiramente vivendo em um terror, talvez poucos desbravem a vida como uma ação, aquela que exala adrenalina eplo corpo, quantas poucas crianças no mundo deliciam uma comédia.
Não importa a situação que se viva, todas elas se confrontam entre si, ou seja, a vida em qualquer aspecto desses, não deixou, não deixa e nem deixara de ser arte.
Por mais que fiquemos assombrados com as falcatruas políticas e roubalheiras dignas de um filme policial, nós ainda tiramos tempo para ver a comédia de toda essa farsa.
Quem vive no fanatismo religioso, e criando guerras infinitas, movendo nações para um modelo de ação sangrenta, e não imaginam o quanto é o terror dos dilacerados, e o drama das famílias que os perdem, tudo em vão de uma distorção ideológica, e nem imaginam ao menos, o suspense no coração de quem assiste aos massacres, mesmo que pela TV.
A vida se entrelaça, comanda a apresentação, a peça, e o show, escolhe os cenários, e minuciosamente cada detalhe, que vão dando cor e forma a nossa história, a vida é realmente um excêntrico diretor, ele pode de repente alterar os personagens, mudar o roteiro, ou excluir até mesmo os mais queridos personagens e protagonistas, e ainda pode ter dom de colocar ou tirar a luz do nosso palco. Enfim não importa como é o roteiro, a vida como um diretor sempre conclui a sua obra, e a nós resta-nos fazer a melhor e única apresentação, é uma triste e linda condição.
(GustavoPitwak)