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Imundo

Posted by Gustavo Pitwak on 08:51

Sistemas instalados, redes conectadas, e o canal aberto. Finalmente estamos no patamar totalitário da globalização capitalista.
E de repente nós estamos integrados, não novamente, mas sim em algo totalmente novo. O aborto foi liberado, como as pesquisas em células troncas, o casamento gay, e até a pena de morte. A economia atingiu um superávit, picos de lucratividade, o bio-diesel alçou o mercado global, pois a produção esta em vento e polpa, igualmente a agricultura. A educação brasileira está entre os dez melhores no mundo e deixou de aprovar jovens sem instrução.
Não se vê mais gente embaixo dos viadutos, muito menos nos sinais, o nível de desemprego despencou bruscamente, e a distribuição de renda esta finalmente nivelada. Os projetos de inclusão social vão bem. A saúde supre agora toda a população, e com qualidade. A justiça não pesa mais para lados prevalecidos, e desta forma não se vê mais laranjas nos esquemas de lavagem de dinheiro, e o senado funciona sem precisar de CPI, ou escutas telefônicas. Nunca mais uma empresa fantasma ganhou licitação para obras públicas, o que se vê são construções para todo lado, com grandes projetos de saneamento básico.
O crime organizado foi dissolvido nas favelas, mérito do exército que se posicionou em uma grande operação de desmanche do narcotráfico. A policia militar está distribuída em todas as áreas urbanas, tanto nos bairros pobres como nos da alta, a segurança foi estabelecida.São seis e meia da manhã. Acordei, era um sonho, um grande sonho. Vou passar um café pra tentar espantar o sono que trás ilusões, meio que como a superficialidade que tenho ao ligar a tv.

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Os dias que perdi

Posted by Gustavo Pitwak on 08:47

Uma caneca de café, um lápis, um caderno, um computador e mais pouco de café e mais café. Como se fosse um poço infinito, como se patinasse no gelo, sem meus patins, escorregando não sei para onde ou nem saindo do lugar. Estou tentando contar como as estrelas no céu, os dias que perdi. Odeio quando estes flashs de lembranças me fazem tentar contar cada um dos erros que já se foram, cada segundo e minutos que antecederam o agora, e que vão dissolver o meu amanha, e não sei como será.
Eu poderia estar melhor? Eu poderia estar melhor. E é como se uma melancolia invadisse sem pedir licença, e com toda falta de educação. Que ótimo, estou desperdiçando meu café em melancolia. Mas eu sei que poderia, então porque não fazer uma critica a mim?
Eu podia ter crescido como os grandes, e me limitei aos medíocres, e se influenciei pelos sujos, e deixei de lado os integrados da massa, se esbanjando ou se afogando em algum programa de vida que diziam feliz. Eles nem sabiam, e por isso riam de tudo e do mundo, a essa altura eu já me entediava, e chorava por dentro e por tudo. Eu perdi meu hímen da realidade, e descobri que existe muita maldade. Não temos mais líricas, não temos mais champagne e flores. Mas temos camisinhas de chocolate, calcinhas comestíveis e bonecos infláveis. Eu me surpreendo de não ter ainda desistido de mim, tentando buscar a cada dia força pra me levantar, mesmo que da cama. Porque se levantar? O que me espera?
Eu consigo sentir falsidade nas pessoas, mas guardo pra mim. Eu vejo olhos ardendo inveja. Comentários ácidos, hipocrisia em toda parte, e em tudo com certeza uma grande falta de arte.
Adaptei-me á muito tempo a esse mundo, e já não sou mais eu. Já me coloquei numa jaulinha qualquer, num cativeiro global. Um dia eu me solto nessa selva de pedra, com caçadores armados em dinheiro e boas palavras, montados em seus imponentes meios de comunicação. Eu ligo a TV e me sinto espionado. Não estou vendo nada, eles que estão me vendo, quando ligo sabem que estou suscetível á receber um tiroteio de informações, um Head-Shot.Ninguém vai ler um texto de um “reclamão”, por mais que isso pareça ser um deságüe de magoas com a sociedade. Também ninguém merece ser acordado de um sono, num sonho bom. E é isso que representa, mas não é isso que quero. Eu também quero dormir e ter um sono bom. Mas não consigo, então por enquanto, um pouco mais café.